Na minha distração, só há uns dias é que dei conta. As palmeiras do Príncipe Real estão cabisbaixas, paradonas ou pura e simplesmente desaparecidas. Ao que parece, há uma explicação científica, um nome, uma razão, e não é um fenómeno só dali. É uma doença conhecida, dizem-me, e muito espalhada. As palmeiras de Lisboa estão a morrer a partir de cima. Tão triste.
Já o disse noutros lados, sou um que-raio-de-escritor, que nem sei os nomes das árvores. Mas o das palmeiras sempre soube. São mais que árvores para mim. Coisas vivas de alegria, altezas de todo o desejo, com aquelas jubas em explosão contínua, sempre me deram um bom sorriso. Sempre senti que faziam disto uma Europa diferente – no melhor dos sentidos – uma Europa quente e aberta – e não será esse o nosso desígnio no frio mundo fechadão das troikas e da desigualdade?
Há aqueles versos de Sophia: 'Quando Helena Lanari dizia o "coqueiro"/ O coqueiro ficava muito mais vegetal”. Contra as linhas duras do casario, contra os céus monocromáticos, basta uma palmeirinha e tudo fica logo mais humano. Tenho todo o respeito pela ciência e pelos cientistas, mas talvez não seja coincidência esta doença das palmeiras ter aparecido agora. Talvez seja mais um sintoma da desesperança em que Portugal se deixou prender. Quem sabe, se reaprendermos a sonhar, se voltarmos a sonhar um país feliz, se quisermos querer de novo, as palmeiras recomecem a partir de baixo.
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