quinta-feira, 30 de abril de 2020

Jornal Local: som bom

Do seu posto de confinamento, Jornal Local avança com uma notícia de última hora. A melodia leve e ingénua, quase pastoril, do amolador acaba de rasgar o silêncio de Lisboa. Trata-se de um indício arqueológico, raríssimo, do "antigo normal" que aqui fica assinalado para memória futura.

quarta-feira, 29 de abril de 2020

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Criar raízes

"No momento em que criamos raízes num lugar, o lugar desaparece." 


(Heretics, G.K. Chesterton)

domingo, 26 de abril de 2020

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Verdadeiramente imaginativo

"It will be found, in fact, that the ingenious are always fanciful, and the truly imaginative never otherwise than analytic." 



(The murders in the Rue Morgue, Edgar Allan Poe)

quinta-feira, 23 de abril de 2020

Livros: aqui é onde nos encontramos

"In the centre of a square in Lisboa there is a tree called a Lusitanian (which is to say, Portuguese) cypress. Its branches, instead of pointing up to the sky, have been trained to grow outwards, horizontally, so that they form a gigantic, impenetrable, very low umbrella with a diameter of twenty meters. One hundred people could easily shelter under it. (...)"

("Lisboa", de John Berger — do livro "Here is where we meet")


quinta-feira, 16 de abril de 2020

Rubem é rei

"Numa sala, um sofá, um homem deitado no sofá sem paletó, com a gravata afrouxada. Ao lado, uma mulher de preto, sentada numa cadeira.

PSICANALISTA: O senhor não gosta de roupa esporte; é essa a razão?
CLIENTE: É muito chato vir de roupa esporte para a cidade, num dia útil. Parece que não trabalho, que sou um aposentado, um vadio, uma coisa dessas.
PSICANALISTA: Mas por que se incomodar com isso? O senhor está de licença para tratamento de saúde, recebendo regularmente pelo Instituto. Esse é o seu trabalho: tratar de sua saúde.
CLIENTE: Mas e os outros que me veem na rua, flanando de roupa esporte! Que digo para eles? Ou não digo nada e carrego, como os cegos, uma tabuleta, ou bordo nas costas da camisa a frase: em tratamento de saúde. Gostaria que a senhora me dissesse qual a maneira de identificar o louco de bom comportamento. (..)"

(Rubem Fonseca — do conto "Os prisioneiros")


quarta-feira, 15 de abril de 2020

Pensar o mundo em tempo real

Na Renascença, às segundas e quartas, tento atirar umas ideias para a mesa da conversa geral. Hoje falou-se do pós-confinamento e da carta de Rui Rio aos militantes do PSD.

terça-feira, 14 de abril de 2020

domingo, 12 de abril de 2020

sábado, 11 de abril de 2020

Santos jucundos

"Amigos, só acredito na bondade que ri. A virtude de cara amarrada é neurótica. Só concebo santos jucundos. Uma Joana D'Arc ou um São Francisco de Assis haviam de ser risonhos como um frade de Walter Scott." (Nelson Rodrigues, numa das crónicas de O remador de Ben-Hur)

quarta-feira, 8 de abril de 2020

Sobre uma fotografia de André Kertész

A cada alma, a sua revelação. Sophia de Mello Breyner Andresen tirou a mesma exata fotografia e o que saiu foi: "O silêncio esculpia os volumes, recortava as linhas, aprofundava os espaços. Tudo era plástico e vibrante, denso da própria realidade." (O Silêncio, de Histórias da Terra e do Mar)

segunda-feira, 6 de abril de 2020

Bandeira

"Na torre de Joseph adejava uma bandeira grande e bonita. Seguindo a direção do vento, ora se lançava com o corpo leve num movimento arrojado e orgulhoso, ora se encolhia recatada e lassa, ora se franzia e encostava coquete ao mastro, parecendo comprazer-se com os seus movimentos graciosos. E depois voltava a erguer-se alta e larga e grande de uma só vez, como uma conquistadora e protetora inabalável, para aos poucos cair sobre si própria num gesto terno e carinhoso. O azul esplêndido do céu."


("O Ajudante", de Robert Walser, trad. Isabel Castro Silva)

domingo, 5 de abril de 2020

"Ain't no sunshine"

É o título da minha crónica n'O Jogo. Fala de Bill Withers, claro, dos prazos da UEFA e da minha meia-maratona no pátio.

quinta-feira, 2 de abril de 2020

Recorto as palavras do primeiro-ministro italiano

"Estamos a escrever História, não um manual de Economia", disse ontem o primeiro-ministro de Itália, Giuseppe Conte, a um canal alemão.
Devíamos fazer cartazes, bandeiras, t-shirts com esta frase. Quando a pandemia se for, devíamos tomar as ruas com ela e mostrar aos nossos representantes políticos que a Europa tem de ser mais do que é se quer ser alguma coisa. Esta é uma frase de todos: a síntese perfeita da revolução europeia que nos falta fazer.