A nossa culpa

Leio na New Yorker que, desde 2014, morreram, "pelo menos", vinte e cinco mil pessoas a tentar atravessar o Mediterrâneo para chegar à Europa. Leio ainda que muitos migrantes trazem consigo pequenos sacos com terra do seu lugar de origem. E assalta-me a visão de uma montanha, feita da terra desses saquinhos, irrompendo desde o fundo do mar — como um monumento útil, que desse passagem ao sonho africano e forma à culpa europeia.

(The New Yorker — The Missing, by Alexis Okeowo)

O poder da palavra

Europa, isto tem de acabar já

"I'm pleading to the European Union to do more, to, please, to do more to assist and to save people's lives."

É preciso formar uma resistência europeísta

Senão veja-se:

O que se passa na Áustria. (Spiegel)

O que se passa em Itália. (Guardian)

O panorama geral traçado por Timothy Garton Ash. (Guardian)

A Europa acaba de levar um golo nos minutos psicológicos

Foi assim (NYT). Para a segunda parte, temos de entrar com outro ânimo e outra visão. Com esta grande cedência "pragmática", o Governo alemão rendeu-se, implicitamente, ao discurso xenófobo, racista e, já agora, totalmente deslocado da realidade, da extrema-direita. A Europa que sonhamos não é esta. Temos de sonhar mais forte. Dar a volta ao jogo. 

"Lista das 34.361 mortes registadas de refugiados e migrantes devidas às políticas restritivas da 'Europa Fortaleza' "

A artista Banu Cennetoglu passou os últimos dezasseis anos a dar visibilidade à lista da nossa vergonha. Pode baixar-se um pdf da lista aqui (Guardian).

A Europa será aberta ou não será

(Alberto Saiz/AP)

Depois da vergonha que foi a Itália recusar receber o Aquarius, navio com mais de seiscentos migrantes, agora Salvini, ministro do Interior, vem propor um "censo" da comunidade cigana no país. Só falta exigir que usem um sinal do tipo estrela amarela... O líder de um partido que queria a separação do norte italiano do resto do país quer agora que Itália se separe da Europa e do Mundo. 

     E o pior é que não está sozinho. Já se fala de um eixo Itália-Hungria-Polónia-Áustria-ministério do Interior da Alemanha. É um daqueles momentos em que não se pode ficar calado. A Europa será aberta, solidária, justa ou não será. No Expresso, Vítor Matos aconselha, a propósito, O Mundo de Ontem de Stefan Zweig. Eu acrescentaria toda obra de Joseph Roth, começando talvez por aqui:

Hoje há teatro em Torres Vedras

Estreia hoje, em Castelo Branco

Caros líderes europeus, se não gostam do tom de Varoufakis, vejam o Papa Francisco em Lesbos:

 (Filippo Monteforte/AFP/Getty Images)

Se queremos um futuro de paz, justiça e desenvolvimento, temos de defender o sonho europeu — isto é, temos de o partilhar. (notícia do Guardian)

Ligar o mundo ao pensamento?

(fotografia Tyler Hicks/ NYT)

Ao ler isto, lembrei-me disto: "O declínio da coragem é talvez o que, no Ocidente de hoje, mais impressiona um olhar estrangeiro." (Alexandre Soljenitsyne)

Não fala em meu nome

Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, diz aos emigrantes para não virem para a Europa... A União como "zona de segurança" — é este o novo "projeto", o novo "sonho"?

Todos os países do mundo

Temos de repetir em toda a parte as palavras do pai de Aylan Kurdi, o menino sírio de três anos encontrado morto numa praia turca: “Even if you give me all the countries in the world, I don’t want them. What was precious is gone.” (Do New York Times)