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quinta-feira, 7 de março de 2024

Uma ideia geral do todo

"Algumas raparigas não apreciaram a pompa com que o presidente foi recebido. Diziam que todos os pais deviam ser iguais. Encontra-se sempre alguma aluna subversiva, escondida num colégio. São os primeiros sintomas do seu pensamento político, ou daquilo a que se poderia chamar uma ideia geral do todo." 


("Felizes anos de castigo", Fleur Jaeggy, trad. Ana Cláudia Santos)

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Cabeça de cinema

Devíamos fazer um filme a partir de C de C, de Cristina Fernandes. Podia passar-se no metro, talvez. A protagonista lê um livro preto, as pessoas entram e saem. Algumas estações vão dar ao cinema. E o metro dirige-se para uma cabeça deitada, em grande plano, imensa. 

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Falta tudo

"Apesar de tudo amo a minha época porque é a época em que falta tudo e, exatamente por isso, talvez seja o verdadeiro tempo do conto de fadas. E é claro que não entendo isto como a era dos tapetes voadores e dos espelhos mágicos, que o homem destruiu para sempre no ato de fabricá-los, mas sim a época da beleza em fuga, da graça e do mistério prestes a desaparecer (...)"



(Os Imperdoáveis, Cristina Campo)

quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

O vento

 "Le vent n'ira pas où l'homme veut aller avec lui. Heureusement."



(Donner à voir, Paul Éluard)

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Millet e nós

Em Millet and the Peasant, diz John Berger: "I believe that he failed because the language of the traditional oil painting could not accommodate the subject he brought with him. One can explain this ideologically. The peasant's interest in the land expressed through his actions is incommensurate with scenic landscape. Most (not all) European landscape painting was addressed to a visitor from the city, later called a tourist; the landscape is his view, the splendour of it is his reward. (...) There was no formula for representing the close, harsh, patient physicality of a peasant's labour on, instead of in front of, the land. And to invent one would mean destroying the traditional language for depicting scenic landscape. (...) Thus Millet's failure and setback may be seen as an historic turning point. The claim of universal democracy was inadmissible for oil painting. And the consequent crisis of meaning forced most painting to become autobiographical. (...)"

    Isto fez-me pensar noutra arte, a arte da escrita. Se nós, os que queremos mudar o mundo e que, em certa medida, escrevemos contra o mundo, não teremos de encontrar novas formas. Se não estaremos, demasiadas vezes, presos ao ponto de vista convencional da época, à moldura "turística" do tempo que nos calhou na rifa. Se não teremos de furar a autobiografia para chegar à vida.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Os limites

"Os limites de um humano eram divinos? Eram."


(Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres, Clarice Lispector) 

quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Exatamente

 "...pero ser escritor no es exactamente ser alguien."


(La vida privada de los árboles, Alejandro Zambra)

terça-feira, 14 de novembro de 2023

Prémio de Tradução Literária Francisco Magalhães!

 



A minha tradução de Cristo parou em Eboli, de Carlo Levi, ganhou o Prémio de Tradução Literária Francisco Magalhães da Associação Portuguesa de Tradutores! (Ex-aequo com a tradução, de Catarina Ferreira de Almeida, de O retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde.) Sou suspeito, claro, mas é um grande livro. Pode ser que este prémio lhe traga novos leitores.

terça-feira, 18 de julho de 2023

quarta-feira, 28 de junho de 2023

A comunicação social parece andar a sofrer disto: síndrome da toupeira de proporções gigantescas

"Uma toupeira de proporções tão gigantescas é com certeza uma singularidade, mas não se pode exigir para ela uma atenção permanente do mundo inteiro (...)".



("O mestre-escola de aldeia", Franz Kafka, trad. Álvaro Gonçalves, ed. Livros do Brasil) 

terça-feira, 27 de junho de 2023

quinta-feira, 25 de maio de 2023

(...)

Na cortina branca-translúcida, a joaninha é um parêntesis com umas reticências dentro. Um sinal pequeno lembrando a importância do pequeno. Bicho da ausência, saudadezinha. Está lá para me fazer pensar, por razões diferentes, em Vicente Sanches e Robert Walser. E em tanto tão-pouco. De um momento para o outro, vai-se.  

terça-feira, 23 de maio de 2023

Eduarda

Morreu a Eduarda Dionísio. Assim, de repente. Em momentos destes, parece que as palavras não chegam. Talvez não haja palavras agora, só um silêncio "furioso" (como é "furiosa" a Leitura que fizemos e faremos na Casa da Achada). Não, não é "adeus", é "até sempre". A Eduarda ensinou-me tantas coisas — desde logo, que a utopia começa com os pés bem assentes no chão. Viva a Eduarda Dionísio.