quarta-feira, 7 de março de 2012

O craque desconcertante


Na bancada do castigo Pablo Aimar não pôde, claro, liderar coisa nenhuma. E que falta fez ontem, quando era preciso inteligência e não nervoseira, alma em vez de ai-jesus, rasgo no lugar do cagaço. Seja como for, ganhámos, passámos. E agora, com o nosso maestro a comandar e com o hino das papoilas saltitantes bem afinadinho, podemos bater qualquer equipa do mundo. Não exagero: mesmo com problemas, mesmo com toda a crise, o Benfica é o Glorioso. E bota maiúscula nisso, não é, caro Bruno? A César o que é de César! Sim, sejamos justos com o nosso craque desconcertante. Foi bem esperto, e de uma esperteza macia, aquele chuto de Nélson Oliveira por entre as pernas russas para o segundo golo, e foi uma obra-prima de tropicaleuropeísmo o toque de calcanhar de Axel Witsel que assiste o primeiro 1-0 — mas, não há como fugir, o herói desta terça-feira de Luz chama-se Bruno César. Ele é careca, quase gordo, tem uma expressão carregada, um rosto a traço grosso que não parece desenhado para sorrir, e não joga à brasileira. E isso o que importa? Quando abre o livro, o homem faz história. Não viram ontem? Não, temos de olhar para lá do cromo. A verdade é que Portugal tem muito a aprender com o nosso Chuta-chuta. Se estamos em desvantagem, não é nem com lamentos nem com florinhas que vamos lá. Temos de querer com todo o querer, coração e cabeça, corpo inteiro, e no momento exato passar a bola a quem precisa.

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