Uma carrinha parada, com os quatro piscas, a bloquear o trânsito, na Rua da Silva. Dois polícias dobram a esquina em amena cavaqueira, despreocupados com questões terrenas dessas. Atrás da carrinha sem condutor, Jornal Local espera, abre a janela. O que é que se há de fazer?
É tão estreita a Rua da Silva que os prédios de três, quatro andares, parecem subir até ao infinito. Um cheiro a salsa e escape; lençóis coloridos nas janelas como puros estandartes, emblemas de azul-atlântico, rosa-flor, amarelo-sol. Nesta viela-catedral, tudo nos atira para cima, até ao céu.
E, no final, mesmo antes do condutor regressar à carrinha abandonada em plena via pública, o céu responde. No ombro de um dos polícias, plim, o dejeto esbranquiçado, líquido, de uma pomba.
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