quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Sobre uma fotografia de João Pina

Nesta bicicleta de fogo, sou um deus. De quê, não sei. Sou a legenda de mim próprio, e sigo em direção à parte escura da imagem. Tudo explode mas não é ainda a revolução. Cheira a cor de laranja, negro-cinza, gasolina, plástico, alcatrão, lixo brilhante. Isto não é o fim do mundo. Neste país somos deuses desempregados, mas um dia será diferente. Um dia atravessaremos a fotografia. Um dia quem aqui no meu lugar? Um dia esse alguém que eu serei atravessará a imagem — grande deus de si próprio — e o mundo será só começo, sim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário