quinta-feira, 29 de dezembro de 2016
Felizmente há coisas que se mantêm
Dizia eu, domingo, na crónica d'O Jogo, a propósito das vitórias benfiquistas. A ver se, daqui a bocado, para a Taça da Liga, damos show de bola para festejar o futuro.
quarta-feira, 28 de dezembro de 2016
Isto anda tudo ligado — DeLillo e Borges
"To break the spell I look at a photograph of Borges, a great picture sent to me by the Irish writer Colm Tóín. The face of Borges against a dark background—Borges fierce, blind, his nostrils gaping, his skin stretched taut, his mouth amazingly vivid; his mouth looks painted; he’s like a shaman painted for visions, and the whole face has a kind of steely rapture. I’ve read Borges of course, although not nearly all of it, and I don’t know anything about the way he worked—but the photograph shows us a writer who did not waste time at the window or anywhere else. So I’ve tried to make him my guide out of lethargy and drift, into the otherworld of magic, art, and divination." (DeLillo na Paris Review)
terça-feira, 27 de dezembro de 2016
sexta-feira, 23 de dezembro de 2016
quinta-feira, 22 de dezembro de 2016
"How close to the self can we get without losing everything?"
É essencial ler este ensaio de Don DeLillo, Counterpoint: Three Movies, a Book and an Old Photograph.
quarta-feira, 21 de dezembro de 2016
terça-feira, 20 de dezembro de 2016
Crise espiritual
A crise espiritual de que fala Joseph Weiler nesta entrevista a Ana Fonseca Pereira, no Público, também passa por isto — o fim do Teatro da Cornucópia.
Jan-Werner Müller põe o ponto no i de populismo
"Populists aren’t just fantasy politicians; what they say and do can be
in response to real grievances, and can have very real consequences. But
it is important to appreciate that they aren’t just like other
politicians, with a bit more rabble-rousing rhetoric thrown in. They
define an alternative political reality in which their monopoly on the
representation of the ‘real people’ is all that matters: in Trump’s
case, an alt-reality under the auspices of the alt-right. At best,
populists will waste years for their countries, as Berlusconi did in
Italy. In the US, this will probably mean a free hand for K Street
lobbyists and all-out crony capitalism (or, in the case of Trump, maybe
capitalism in one family); continual attempts to undermine checks and
balances (including assaults on judges as enemies of the people when
they rule against what real citizens want; and life being made extremely
difficult for the media); and government as a kind of reality TV show
with plenty of bread and circuses. And the worst case? Regime change in
the United States of America." (Jan-Werner Müller na LRB)
segunda-feira, 19 de dezembro de 2016
sábado, 17 de dezembro de 2016
sexta-feira, 16 de dezembro de 2016
quinta-feira, 15 de dezembro de 2016
quarta-feira, 14 de dezembro de 2016
Política internacional
"Bill Clinton let slip some years later that the American Secret Service
had found Yeltsin, during an official visit to Washington in 1995,
wandering drunk in his underpants down Pennsylvania Avenue looking for a
pizza. Who knows what Russia might be like now if Yeltsin had been left
to stagger on into the night, rather than returned to his bedroom in
Blair House? At that point in Russia’s transition everything was still
possible. In the four remaining years of Yeltsin’s miserable reign the
possibilities drained away, until only Putin was left." (Russia, NATO, Trump: The Shadow World, de Robert Cottrell, na NYRB)
terça-feira, 13 de dezembro de 2016
Apagar uma cidade
“Remember that there was once a city called Aleppo that the world erased
from the camp and from history. This is a farewell message [from a
doctor] whose fate along with that of his companions is death or arrest
at any moment.” (no Guardian de hoje)
segunda-feira, 12 de dezembro de 2016
sexta-feira, 9 de dezembro de 2016
quinta-feira, 8 de dezembro de 2016
Postal de Pula, na Croácia
A Maria e o José do Azul-turquesa trouxeram-me à Croácia tantos anos depois.
terça-feira, 6 de dezembro de 2016
A palavra Deus
"Out in the street, the man in the harlequin clothes was screaming, 'The word God shits some people's minds!'
'The word would be shut,' Sherwin said to him mildly. "Don't you mean shuts?'"
(The Quick and the Dead, Joy Williams)
'The word would be shut,' Sherwin said to him mildly. "Don't you mean shuts?'"
(The Quick and the Dead, Joy Williams)
segunda-feira, 5 de dezembro de 2016
domingo, 4 de dezembro de 2016
sábado, 3 de dezembro de 2016
sexta-feira, 2 de dezembro de 2016
quarta-feira, 30 de novembro de 2016
Aviso aos Pais Natal que querem mesmo que o Natal seja todos os dias
A Sara teve uma bela ideia — chama-se PACOTE. Livros, escolhidos com cuidado, voam, todo os meses, para miúdos em qualquer parte do mundo.
terça-feira, 29 de novembro de 2016
Sobre uma fotografia de Fred Lyon
São Francisco, cidade. Frases curtas como num policial. A minha arma é a minha luz. O mundo é cubista, não é verdade? E a alma é expressionista? Seja como for, tudo rima mais tarde ou mais cedo. Serei o herói acidental se fores a mulher fatal. Sim, tudo rima, não peço desculpa. Iô, kiddo. São Francisco é uma cidade como a nossa. Descidas íngremes, subidas doidas, pontes de interrogação. Páginas que se esquinam, automóveis em letra de imprensa. Gestos impressionistas? Surrealista é o próprio chão onde caminhamos. Somos livres dentro dos nossos nomes de código. São Francisco! São são são tantas coisas por dizer. Manda aí silêncio forte. Contra a luz, o mistério realista desta luz. Todo teu, não tenhas medo. Dispara.
segunda-feira, 28 de novembro de 2016
Krugman c-words Trump
And no, "C" doesn't stand for "Constitution" anymore: "Why Corruption Matters" (NYT).
domingo, 27 de novembro de 2016
Uma vez sem exemplo
A minha crónica de hoje n'O Jogo já está em contagem decrescente para o Moreirense.
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
quinta-feira, 24 de novembro de 2016
quarta-feira, 23 de novembro de 2016
terça-feira, 22 de novembro de 2016
Escrevia Joseph Roth em 1923
"He was the young man of Europe: nationalistic and self-seeking, devoid of belief and of loyalty, bloodthirsty and blinkered. This was the new Europe."
(The Spider's Web, de Joseph Roth, tradução de John Hoare)
segunda-feira, 21 de novembro de 2016
O estado das coisas na América e não só (recortado de um romance publicado em 2000)
"That guy had a job before you environmentalists took it away. Now he has nothing to do but ride his bike, his only treasure, then go home at night to terrorize his children and beat his wife. Spousal abuse is directly linked to environmental regulation. It can be stamped out only by stamping out nature — not human nature, the other one. That alone will provide jobs and stop the breakdown of the American family." (The Quick and the Dead, Joy Williams)
domingo, 20 de novembro de 2016
Uma conversinha tática (para variar)
É a minha crónica de hoje n'O Jogo. Eu com invenções táticas e o Benfica a golear no registo habitual.
sábado, 19 de novembro de 2016
sexta-feira, 18 de novembro de 2016
Muita merda a sul e a norte!
Catarina, com texto meu (mais um poema de Sophia de Mello Breyner Andresen), estreia hoje no Teatro Lethes, em Faro, pela ACTA. Estou pronto para ser surpreendido pela encenação de Luís Vicente.
E Adalberto Silva Silva, o monólogo que fez nascer a companhia Ninguém, continua a ser levado por Ivo Alexandre pelo país dentro. Hoje sobe ao palco no Cine-Teatro Garrett, na Póvoa de Varzim.
quinta-feira, 17 de novembro de 2016
quarta-feira, 16 de novembro de 2016
O medo contra o mundo
"Não sou ateniense nem grego, mas um cidadão do mundo." (Sócrates, séc.V a.C.)
"Se acreditas que és um cidadão do mundo, és um cidadão de lugar nenhum." (Theresa May, séc. XXI)
terça-feira, 15 de novembro de 2016
segunda-feira, 14 de novembro de 2016
A melhor bola é a do amor à camisola
A minha crónica de ontem n'O Jogo tinha um título que rimava e tudo.
domingo, 13 de novembro de 2016
Austeridade e alegria no Teatro Carlos Alberto — é hoje o últimoespetáulo!
©Susana Neves/TNSJ
Acaba hoje a carreira de Henrique IV parte 3 no TeCA, no Porto. É às 16h. (Fotografia de Susana Neves.)
sábado, 12 de novembro de 2016
Gente mortal sobe do Alto da Penha até ao Carlos Alberto
Acabámos o ensaio na Penha, o Ivo e a Anabela levaram o Luís de carro à estação das camionetas, e eu e a Paula descemos a pé a rua comicamente íngreme que, todos os dias, como que nos devolve das alturas da imaginação à vida real da cidade. Não sei como, a meio dessa rua sem nome, pusemo-nos a falar de mortos, mortes, morte. Por virmos do país do teatro, talvez, a conversa a partir dessa proibida palavra M não pareceu forçada, nervosa, nem triste. Uma palavra, outra, uma pergunta, outra; e aos poucos fomos encontrando maneira até de sorrir sem fugir do assunto. Despedimo-nos à porta do metro e eu desci as escadas para baixo da terra. Ao chegar à plataforma, vejo um homem caído na linha.
Do lado de lá, no sentido Arroios-Alameda, meio sentado ou a levantar-se, um homem de camisa azul. Imaginei que tivesse caído naquele momento. Do lado de lá da plataforma, chama-o outro homem, dizendo que o ajuda a subir, aproximando-se da beira para o puxar para cima. Mas o da camisa azul nem olha para ele. Levanta-se e põe-se a andar pela linha, em frente, na direção de onde virá o metro. O placard eletrónico diz que falta um minuto. Eu e outras pessoas dizemos-lhe para sair dali, mas o homem parece não ouvir ninguém, continua a andar em direção ao túnel. Retrospetivamente, uma imagem mítica: um mortal como nós avançando para o túnel esfíngico, indiferenciado, absoluto. Despe a camisa enquanto anda, como que a mostrar que está pronto. Ou como uma última pergunta? Uma provocação? Como um desafio? Oh o azul impossível daquela camisa. Um azul aberto, vivo, um azul de céu azul.
Na plataforma, pessoas a gritar, pessoas a descrever a cena ao telemóvel em tempo real, pessoas paralisadas a ver, a não querer ver, a ver. Éramos todos estranhos uns para os outros e de repente uma coisa tinha-nos juntado: aquele homem ia morrer. Ao meu lado, uma senhora grita, desesperada, “Porquê, porquê”. Pálida e com dificuldades de respiração, prestes a desmaiar. Um rapaz novo diz-lhe para ter calma, e ela continua, “Porquê, porquê”. Trinta segundos, dez segundos. O homem vai morrer, meu Deus. (Deus é uma palavra inventada para estas horas?) Felizmente, acontece o inverosímil. O metro para no túnel. Alguém terá conseguido comunicar com o maquinista, imagino. E o homem ali fica. De pé, de frente para os faróis acesos do metro, de tronco nu, de mãos atrás das costas. Não se mexe. Durante uma eternidade, não se mexe.
A morte de cada dia nos dai hoje. Escrevo aqui este momento terrível de um sábado de outubro para não me esquecer dele. Não por qualquer tipo de prazer mórbido, mas porque é verdade e me fez olhar com novos olhos para o nosso Henrique IV parte 3. Porque é a morte que nos deixa “dentro” dessa coisa da vida. Perdoem-me se começo a citar personagens assim a meio, sem aviso. O que diz realmente o Henrique da nossa peça é: “Enquanto traduzo, estou lá — estou aqui — estou mesmo dentro da coisa, sabes?” Mas, sim, trago para aqui este suicídio falhado porque acredito que ele pode iluminar a “tradução” que fizemos, da página para a cena. Resumindo: se não lembrarmos o azul que havia no azul dessa camisa largada, todo o azul desbotará. Afinal, talvez seja essa uma das tarefas do teatro, não? Dizer as coisas para ver as coisas? Atravessar a morte para a matar?
Neste nosso Henrique IV parte 3 não há a morte com M maiúsculo, mas há um fantasma com F de Falstaff. É aí que faço a ligação entre o que se passara e passaria na sala de ensaios da Penha e o que se passou e não passou na estação de metro de Arroios. Também no território desta nossa peça é um espírito antigo, uma figura que (já lá diz Miriam) parece “feita mais de palavras do que de carne”, quem vem concretizar o estar-aqui das personagens mortais, nossas contemporâneas. Um fantasma gordo opondo-se, como que por acidente, aos números magros da crise sempiterna a que chamamos “sistema”. Estar vivo parece um dado mas é um achado — Falstaff e Shakespeare sabem esse segredo. E nós, nestes dias que correm?
Agora percebo melhor a resistência dos encenadores a escrever sobre os espetáculos. O que se diz diz-se em cena (mal posso esperar para ver isto no TeCA com a contracena do público). E tentar explicá-lo talvez só aumente o ruído, com o risco de se reduzir a violência, a graça, do que os atores criam ao vivo. Mas, se calhar, posso dizer isto: esta é uma comédia que nasce de palavras difíceis e uma tragédia que redunda nos gestos mais prosaicos. Um espetáculo que, com o genial gordo de Shakespeare, quer rir a bandeiras despregadas. “Ora, homem, isto é gente mortal, é gente mortal.”
(texto escrito para o programa do espetáculo "Henrique IV parte 3", no TeCA)
Do lado de lá, no sentido Arroios-Alameda, meio sentado ou a levantar-se, um homem de camisa azul. Imaginei que tivesse caído naquele momento. Do lado de lá da plataforma, chama-o outro homem, dizendo que o ajuda a subir, aproximando-se da beira para o puxar para cima. Mas o da camisa azul nem olha para ele. Levanta-se e põe-se a andar pela linha, em frente, na direção de onde virá o metro. O placard eletrónico diz que falta um minuto. Eu e outras pessoas dizemos-lhe para sair dali, mas o homem parece não ouvir ninguém, continua a andar em direção ao túnel. Retrospetivamente, uma imagem mítica: um mortal como nós avançando para o túnel esfíngico, indiferenciado, absoluto. Despe a camisa enquanto anda, como que a mostrar que está pronto. Ou como uma última pergunta? Uma provocação? Como um desafio? Oh o azul impossível daquela camisa. Um azul aberto, vivo, um azul de céu azul.
Na plataforma, pessoas a gritar, pessoas a descrever a cena ao telemóvel em tempo real, pessoas paralisadas a ver, a não querer ver, a ver. Éramos todos estranhos uns para os outros e de repente uma coisa tinha-nos juntado: aquele homem ia morrer. Ao meu lado, uma senhora grita, desesperada, “Porquê, porquê”. Pálida e com dificuldades de respiração, prestes a desmaiar. Um rapaz novo diz-lhe para ter calma, e ela continua, “Porquê, porquê”. Trinta segundos, dez segundos. O homem vai morrer, meu Deus. (Deus é uma palavra inventada para estas horas?) Felizmente, acontece o inverosímil. O metro para no túnel. Alguém terá conseguido comunicar com o maquinista, imagino. E o homem ali fica. De pé, de frente para os faróis acesos do metro, de tronco nu, de mãos atrás das costas. Não se mexe. Durante uma eternidade, não se mexe.
A morte de cada dia nos dai hoje. Escrevo aqui este momento terrível de um sábado de outubro para não me esquecer dele. Não por qualquer tipo de prazer mórbido, mas porque é verdade e me fez olhar com novos olhos para o nosso Henrique IV parte 3. Porque é a morte que nos deixa “dentro” dessa coisa da vida. Perdoem-me se começo a citar personagens assim a meio, sem aviso. O que diz realmente o Henrique da nossa peça é: “Enquanto traduzo, estou lá — estou aqui — estou mesmo dentro da coisa, sabes?” Mas, sim, trago para aqui este suicídio falhado porque acredito que ele pode iluminar a “tradução” que fizemos, da página para a cena. Resumindo: se não lembrarmos o azul que havia no azul dessa camisa largada, todo o azul desbotará. Afinal, talvez seja essa uma das tarefas do teatro, não? Dizer as coisas para ver as coisas? Atravessar a morte para a matar?
Neste nosso Henrique IV parte 3 não há a morte com M maiúsculo, mas há um fantasma com F de Falstaff. É aí que faço a ligação entre o que se passara e passaria na sala de ensaios da Penha e o que se passou e não passou na estação de metro de Arroios. Também no território desta nossa peça é um espírito antigo, uma figura que (já lá diz Miriam) parece “feita mais de palavras do que de carne”, quem vem concretizar o estar-aqui das personagens mortais, nossas contemporâneas. Um fantasma gordo opondo-se, como que por acidente, aos números magros da crise sempiterna a que chamamos “sistema”. Estar vivo parece um dado mas é um achado — Falstaff e Shakespeare sabem esse segredo. E nós, nestes dias que correm?
Agora percebo melhor a resistência dos encenadores a escrever sobre os espetáculos. O que se diz diz-se em cena (mal posso esperar para ver isto no TeCA com a contracena do público). E tentar explicá-lo talvez só aumente o ruído, com o risco de se reduzir a violência, a graça, do que os atores criam ao vivo. Mas, se calhar, posso dizer isto: esta é uma comédia que nasce de palavras difíceis e uma tragédia que redunda nos gestos mais prosaicos. Um espetáculo que, com o genial gordo de Shakespeare, quer rir a bandeiras despregadas. “Ora, homem, isto é gente mortal, é gente mortal.”
(texto escrito para o programa do espetáculo "Henrique IV parte 3", no TeCA)
sexta-feira, 11 de novembro de 2016
quinta-feira, 10 de novembro de 2016
Estou com Aaron Sorkin
O Luís Araújo chamou-me a atenção para este texto de Aaron Sorkin (uma carta à mulher e à filha). É de ler.
quarta-feira, 9 de novembro de 2016
terça-feira, 8 de novembro de 2016
segunda-feira, 7 de novembro de 2016
domingo, 6 de novembro de 2016
sábado, 5 de novembro de 2016
O Porto está em obras
©João Tuna/TNSJ
Henrique IV parte 3, ensaios. Anabela Faustino ou Iolanda? (Fotografia de João Tuna.)
quinta-feira, 3 de novembro de 2016
quarta-feira, 2 de novembro de 2016
terça-feira, 1 de novembro de 2016
Do poema "Pé do ouvido", de Alice Sant'Anna:
no japão as mulheres vestiam quimonos
sobre doze camadas de tecido
cada camada de uma cor
e uma pessoa só de saber as cores
a sequência das cores da roupa
por baixo do quimono
poderia se apaixonar perdidamente
sobre doze camadas de tecido
cada camada de uma cor
e uma pessoa só de saber as cores
a sequência das cores da roupa
por baixo do quimono
poderia se apaixonar perdidamente
segunda-feira, 31 de outubro de 2016
domingo, 30 de outubro de 2016
sábado, 29 de outubro de 2016
sexta-feira, 28 de outubro de 2016
quinta-feira, 27 de outubro de 2016
quarta-feira, 26 de outubro de 2016
terça-feira, 25 de outubro de 2016
segunda-feira, 24 de outubro de 2016
domingo, 23 de outubro de 2016
sábado, 22 de outubro de 2016
A superstição da incompetência
"Por fim, o medo da morte libertou-me da superstição da incompetência."
(A Invenção de Morel, Adolfo Bioy Casares)
(A Invenção de Morel, Adolfo Bioy Casares)
sexta-feira, 21 de outubro de 2016
quinta-feira, 20 de outubro de 2016
Teatro do melhor
«Although Cohen was steeped more in the country tradition, he was swept up when he heard Dylan’s “Bringing It All Back Home” and “Highway 61 Revisited.” One afternoon, years later, when the two had become friendly, Dylan called him in Los Angeles and said he wanted to show him a piece of property he’d bought. Dylan did the driving.
“One of his songs came on the radio,” Cohen recalled. “I think it was ‘Just Like a Woman’ or something like that. It came to the bridge of the song, and he said, ‘A lot of eighteen-wheelers crossed that bridge.’ Meaning it was a powerful bridge.”
Dylan went on driving. After a while, he told Cohen that a famous songwriter of the day had told him, “O.K., Bob, you’re Number 1, but I’m Number 2.”
Cohen smiled. “Then Dylan says to me, ‘As far as I’m concerned, Leonard, you’re Number 1. I’m Number Zero.’ Meaning, as I understood it at the time—and I was not ready to dispute it—that his work was beyond measure and my work was pretty good.”»
(recortado de 'How the Light Gets In', de David Remnick, na New Yorker)
quarta-feira, 19 de outubro de 2016
terça-feira, 18 de outubro de 2016
segunda-feira, 17 de outubro de 2016
domingo, 16 de outubro de 2016
sexta-feira, 14 de outubro de 2016
quinta-feira, 13 de outubro de 2016
quarta-feira, 12 de outubro de 2016
Pensar o mundo em tempo real
A partir da próxima semana, estarei na Rádio Renascença a debater o mundo com o Henrique Raposo. Às segundas e quartas, pelas 9.15h.
terça-feira, 11 de outubro de 2016
segunda-feira, 10 de outubro de 2016
domingo, 9 de outubro de 2016
sexta-feira, 7 de outubro de 2016
Um poema de Roberto Bolaño
De sillas, de atardeceres extra,
de pistolas que acarician
nuestros mejores amigos
está hecha la muerte
de pistolas que acarician
nuestros mejores amigos
está hecha la muerte
quinta-feira, 6 de outubro de 2016
Eis que a "revolução silenciosa" do Brexit
...começa a dizer ao que vem — e traz muitas palavras feias.
terça-feira, 4 de outubro de 2016
segunda-feira, 3 de outubro de 2016
domingo, 2 de outubro de 2016
sexta-feira, 30 de setembro de 2016
quinta-feira, 29 de setembro de 2016
quarta-feira, 28 de setembro de 2016
terça-feira, 27 de setembro de 2016
segunda-feira, 26 de setembro de 2016
Calhamaços
Nunca me pareceu que a poesia ficasse bem em calhamaços. Mas, desde sexta-feira, não tenho a mesma certeza. Estava à procura de um verso — menos, de uma expressão escondida algures num verso —, abri um gigantesco "Obras Completas" e perdi-me. Páginas e páginas que me atiravam para a frente e para trás. Quando dei por mim, tinham passado tantos anos de espanto.
domingo, 25 de setembro de 2016
sexta-feira, 23 de setembro de 2016
Amanhã, às 19h
Estarei no Folio — festival literário de Óbidos — a falar de "Literatura e teatro" com a Luísa Costa Gomes e o Gonçalo Frota.
quinta-feira, 22 de setembro de 2016
quarta-feira, 21 de setembro de 2016
Caderno Shakespeare
Orson Welles: "Shakespeare foi o escritor inglês típico, o arquétipo do escritor inglês."
Jorge Luis Borges: "Shakespeare é o menos inglês dos poetas de Inglaterra."
Jorge Luis Borges: "Shakespeare é o menos inglês dos poetas de Inglaterra."
terça-feira, 20 de setembro de 2016
segunda-feira, 19 de setembro de 2016
domingo, 18 de setembro de 2016
sábado, 17 de setembro de 2016
sexta-feira, 16 de setembro de 2016
quinta-feira, 15 de setembro de 2016
terça-feira, 13 de setembro de 2016
domingo, 11 de setembro de 2016
quarta-feira, 17 de agosto de 2016
Uma tradução
"Nenhum problema é tão consubstancial com as letras e com o seu modesto mistério como o que propõe uma tradução."
(Prólogos com Um Prólogo de Prólogos, Jorge Luis Borges)
domingo, 14 de agosto de 2016
terça-feira, 9 de agosto de 2016
Metáfora 7
Carregarmos uma cadeira durante quilómetros para nos sentarmos a descansar quando chegar a hora.
segunda-feira, 8 de agosto de 2016
domingo, 7 de agosto de 2016
sexta-feira, 5 de agosto de 2016
quarta-feira, 3 de agosto de 2016
Sobre uma fotografia de Daniel Berehulak
Procuro coisas felizes mas só encontro coisas más e queimo-as. Tenho medo de já ter passado os olhos, as mãos, por uma coisa feliz e não a ter reconhecido. Tenho medo de ter perdido essa capacidade, com tudo o que aconteceu, tudo o que vi entretanto, tudo o que não consegui impedir de entrar nos meus sonhos. Dormir é um ato tão essencial e tão desprotegido, tão exposto. Quero encontrar uma coisa que me mostre de novo como sonhar de olhos abertos, dono de mim. Quero voltar a reconhecer o mundo. Depois do desastre, não sei o que mudou mais, se a terra, se o nosso coração. Em miúdo, há uns dias atrás, eu encontrava tudo o que queria deixando-me ir despreocupadamente. Era superpoderoso nesse sentido. Distraía-me e achava. O meu corpo alimentava-se dos céus, das cores das casas, do rio, de pessoas especiais, tão diferentes de mim, e guiava-me com as perguntas certas. Inesperava-me em qualquer lado. Agora, depois da catástrofe, depois de ter visto tanta morte e sofrimento pior que a morte, tanta injustiça, tanto sem-sentido, tanto, não vou dizer a palavra, não porque tenha medo mas porque não quero dar ao outro lado a força que um nome desmultiplicado pode ganhar por si próprio, depois ter visto tanta imagem sem profundidade, sem resgate, depois de ter visto tanto mal, nada em mim parece ainda disponível para as frescas perguntas de quando eu era miúdo. Isto é, há dois ou três dias, há uma ou duas noites, antes da destruição se abater sobre este mais pobre dos lugares. Calo-me, busco coisas más para queimar. Talvez o fogo. Talvez o fogo, sim, ao contrário das histórias que nos contaram desde sempre os antigos e os livros dos antigos, talvez o fogo, o fogo que plantamos como flores imateriais sobre a água negra da noite interminável, talvez o fogo seja a coisa feliz que busco, que buscamos, vem comigo.
terça-feira, 2 de agosto de 2016
O cinema morreu e é um lugar sagrado
Esta cançãozaça de Tiago Guillul (Isto já foi um cinema) deve gostar desta coisa que Duchamp achou no ecrã. O cinema morreu e é um lugar sagrado — ressuscitará?
segunda-feira, 1 de agosto de 2016
domingo, 31 de julho de 2016
sábado, 30 de julho de 2016
sexta-feira, 29 de julho de 2016
Soccer as metaphor/O futebol como metáfora
At Howler magazine, a talk with Gabriel Bump on soccer: the Euro 2016, poetry, space.
(I'd say more:)
Na revista Howler, uma conversa com Gabriel Bump sobre futebol: o Euro 2016, a poesia, o espaço.
quinta-feira, 28 de julho de 2016
quarta-feira, 27 de julho de 2016
terça-feira, 26 de julho de 2016
Que mistura de Vicente Sanches, New York Times e Borges
...é que será precisa — não para explicar, mas para fazer a pergunta certa sobre estes tempos que vivemos?
domingo, 24 de julho de 2016
sábado, 23 de julho de 2016
sexta-feira, 22 de julho de 2016
quinta-feira, 21 de julho de 2016
Tal é o nome
"O Destino (tal é o nome que aplicamos à infinita operação incessante de milhares de causas interligadas) não o resolveu assim."
(História Universal da Infâmia, Jorge Luis Borges)
(História Universal da Infâmia, Jorge Luis Borges)
quarta-feira, 20 de julho de 2016
O representante do Brexit...
Pois é, há o candidato presidencial Trump nos EUA. Mas, há pouco tempo, isto também seria impensável.
terça-feira, 19 de julho de 2016
Sobre uma fotografia de Josef Koudelka
Às vezes olho para o relógio não para ver as horas mas para ter a certeza que estou vivo aqui. Só podia viver numa cidade porque a cidade é muito mais aqui do que o campo. No campo não há horas, há estações e sinos e séculos, e isso para mim é demais. Sinto-me nu sem relógio no pulso. Um relógio tem de ser à antiga, de ponteiros, de dar corda de preferência. Estar vivo é estar de olhos abertos, cabeça aberta, corpo presente no tempo. Os meus olhos tiram fotografias para eu não me esquecer de cada aqui, por exemplo agora. Há um desenho em cada coisa, uma palavra em cada cruzamento, tudo brilha.
segunda-feira, 18 de julho de 2016
sexta-feira, 15 de julho de 2016
quinta-feira, 14 de julho de 2016
Falta dar o passo seguinte
Isto é tudo verdade — e então? Falta expressar uma visão da Europa pela qual lutar. Para começo de conversa, eu diria que, na União, há três défices essenciais por resolver: de democracia, de democracia e de democracia.
quarta-feira, 13 de julho de 2016
Chantagem política bem rasteirinha
...Isto das sanções. A ideia é só "provar" a impossibilidade de uma governação anti-austeridade na Europa (veja-se o discurso diferente para Espanha e para Portugal). A coisa começa a ganhar contornos mais do que preocupantes. É que já não é só vistas curtas, é mesmo brincar com o fogo.
terça-feira, 12 de julho de 2016
Intercalar
"Suspeito que Dante edificou o melhor livro que a literatura produziu para intercalar alguns encontros com a irrecuperável Beatriz."
(Nove Ensaios Dantescos, Jorge Luis Borges)
segunda-feira, 11 de julho de 2016
domingo, 10 de julho de 2016
sábado, 9 de julho de 2016
quinta-feira, 7 de julho de 2016
quarta-feira, 6 de julho de 2016
terça-feira, 5 de julho de 2016
Falta democracia à Europa
Esta proposta de Schulz é uma bela ideia — até porque mandaria Schäuble para a segunda câmara.
segunda-feira, 4 de julho de 2016
sábado, 2 de julho de 2016
Da minha língua ouve-se o espaço
Selvagem, o novo disco de Mariano Marovatto, é a língua portuguesa sondando a misteriosa curva do espaço-tempo.
sexta-feira, 1 de julho de 2016
quinta-feira, 30 de junho de 2016
quarta-feira, 29 de junho de 2016
Um poema de Caetano Veloso
NO DIA EM QUE EU VIM-ME EMBORA
No dia em que eu vim-me embora
Minha mãe chorava em ai
Minha irmã chorava em ui
E eu nem olhava pra trás
No dia em que eu vim-me embora
Não teve nada de mais
Mala de couro forrada com pano forte, brim cáqui
Minha avó já quase morta
Minha mãe até à porta
Minha irmã até à rua
E até o porto meu pai
O qual não disse palavra durante todo o caminho
E quando eu me vi sozinho
Vi que não entendia nada
Nem de pro que eu ia indo
Nem dos sonhos que eu sonhava
Senti apenas que a mala de couro que eu carregava
Embora estando forrada
Fedia, cheirava mal
Afora isso ia indo, atravessando, seguindo
Nem chorando, nem sorrindo
Sozinho pra Capital
Nem chorando, nem sorrindo
Sozinho pra Capital
Sozinho pra Capital
Sozinho pra Capital
Sozinho pra Capital
No dia em que eu vim-me embora
Minha mãe chorava em ai
Minha irmã chorava em ui
E eu nem olhava pra trás
No dia em que eu vim-me embora
Não teve nada de mais
Mala de couro forrada com pano forte, brim cáqui
Minha avó já quase morta
Minha mãe até à porta
Minha irmã até à rua
E até o porto meu pai
O qual não disse palavra durante todo o caminho
E quando eu me vi sozinho
Vi que não entendia nada
Nem de pro que eu ia indo
Nem dos sonhos que eu sonhava
Senti apenas que a mala de couro que eu carregava
Embora estando forrada
Fedia, cheirava mal
Afora isso ia indo, atravessando, seguindo
Nem chorando, nem sorrindo
Sozinho pra Capital
Nem chorando, nem sorrindo
Sozinho pra Capital
Sozinho pra Capital
Sozinho pra Capital
Sozinho pra Capital
terça-feira, 28 de junho de 2016
Oh Inglaterra
Mais farsa, não, por favor. Agora é preciso inventar um teatro que possa salvar a cidade.
(fotografia de Bertrand Langlois/AFP/Getty Images)
segunda-feira, 27 de junho de 2016
domingo, 26 de junho de 2016
sexta-feira, 24 de junho de 2016
Uma ilha com um muro à volta (não é por acaso que Farage, Le Pen, Wilders e Trump estão todos contentes)
Cameron e Corbyn :(
Escócia e Irlanda do Norte :)
Escócia e Irlanda do Norte :)
quinta-feira, 23 de junho de 2016
Fiquem connosco
quarta-feira, 22 de junho de 2016
terça-feira, 21 de junho de 2016
Postal sob o sol
Sob o sol, tudo é de novo.
Este poema concreto do Prince: "anotherloverholenyohead"
Vai-se de automóvel e a cidade é cinema. As caras, os gestos, um silêncio musical.
A sabedoria no conto do idiota Gimpel, de Isaac Bashevis Singer:"...but the longer I lived the more I understood that there were really no lies. Whatever doesn't really happen is dreamed at night."
Gente demasiado séria nas passadeiras. Números vermelhos nos cartazes. Lembrar as notícias, os perigos próximos.
E, de repente, na rádio, como é que se diz?, um perfeito acaso. A voz límpida e feliz de uma estudante de enfermagem de Tordesilhas.
O mundo dividido: sol e sombra.
segunda-feira, 20 de junho de 2016
sexta-feira, 17 de junho de 2016
quinta-feira, 16 de junho de 2016
Um poema de Zulmira Ribeiro Tavares
Vida: objeto de desejo
Nós desejamos pinguins.
Não os de geladeira
com seu peso fixo de massa pintada
sua estatuária de cozinha
sem nenhum sopro de da Vinci.
Nós desejamos pinguins.
Não os das geleiras
que nos esfriam os dedos
ao toque de suas penas firmes.
Frios são os caminhos que a morte nos envia.
Desejamos os pinguins de nosso assombro
fechados dentro de nós no desejo
como pérolas nas ostras.
Ostras não sabem das pérolas
que engendram e trazem consigo.
E nós que os formamos do escuro,
deles só temos o rastro, pinguins,
com seu brilho
de nácar.
(tirado daqui)
Nós desejamos pinguins.
Não os de geladeira
com seu peso fixo de massa pintada
sua estatuária de cozinha
sem nenhum sopro de da Vinci.
Nós desejamos pinguins.
Não os das geleiras
que nos esfriam os dedos
ao toque de suas penas firmes.
Frios são os caminhos que a morte nos envia.
Desejamos os pinguins de nosso assombro
fechados dentro de nós no desejo
como pérolas nas ostras.
Ostras não sabem das pérolas
que engendram e trazem consigo.
E nós que os formamos do escuro,
deles só temos o rastro, pinguins,
com seu brilho
de nácar.
(tirado daqui)
quarta-feira, 15 de junho de 2016
Hinos e bandeiras
O final de Voz Guia está quase aí... Amanhã dá o episódio 33. E a coisa toda já tem um podcast no iTunes.
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