terça-feira, 15 de maio de 2012

No meio da tempestade, de tichârte

Aprendi numa tichârte da Cotovia esta joia de Antonio Machado: "porque em amor/ loucura é o sensato". É talvez um bom conselho para a Europa, que, entre a atitude de "marido enganado" do centro rico e as desculpas de "infidelidade" das periferias pobres, parece presa num gigantesco mal de amor. É verdade que, na Grécia, Tsipras, o líder da coligação Syriza, joga um jogo perigoso no imediato, quando há apocalipses económicos anunciados todos os dias e os corretores de Londres já começaram a pôr o dracma nos ecrãs. Mas ainda é mais verdade que, nesta Europa de austeridade, tecnocracia e nevoeiro, a "loucura" do novo líder grego aparece como "sensatez". Alguém que, no coração da tempestade, tem a coragem de dizer o óbvio: nós somos europeus, não podemos nem queremos ser outra coisa, só que isto não é um caminho. Estamos todos no mesmo barco, e este é o momento em que a Europa se deve redefinir como espaço de solidariedade e democracia — para se tornar uma verdadeira união.

2 comentários:

  1. Esse espírito que concebeu a Europa desapareceu soprado pela Alemanha. Esta, parece ser o eterno problema europeu - não a podemos deixar sozinha e à solta mas parece que também mão podemos viver com ela.
    Que fazer?

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  2. Não acho que se deva pôr assim o problema. Por mais que discordemos da política de vistas curtas de Angela Merkel, não há Europa sem Alemanha. Nem tanto ao mar nem tanto à terra...

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