A morte é uma cadeira livre, mas o homem faz de conta que não percebe. Finge com um estilo do caneco. Quando era novo, sabia o truque contra toda a dor, todo o erro, todo o mal. Fechar os olhos, abrir as narinas — e ver mulheres nuas. Corpos macios e elétricos como a voz de um blues. Quando era novo, via. Agora o máximo que consegue é pensar nelas. Os olhos nublados, mesmo que não os abra. Quer dormir mais um bocado, só mais um minuto. É ele o homem. O velho homem. Chegou ali, tem cem anos. Corpos macios e elétricos como pensamentos mortais. Passou tão rápido, meu Deus.
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