quarta-feira, 4 de maio de 2011

O céu na Pedreira

O domingo algarvio trouxe-nos mais uma desilusão. Outra robertada, agora em versão subtil, e lá vamos nós buscar nova bola triste ao fundo das redes. Não pode ser... Não é nada benfiquista só querer ganhar quando há classificações em jogo. Isso são vistas muito curtas; como tentar reduzir a alma a uma estatística, a uma conta de 2+2. O Glorioso tem de jogar sempre com a alegria de quem quer ganhar, de quem futebola porque sim e não porque tem de ser. Não, o Benfica não joga para o calendário, joga para a história do futuro. Caramba, não há nenhum adjunto que ponha isso em forma de poema para inspirar os jogadores enquanto estes calçam as chuteiras e fazem os seus vudus preparatórios? Brinco, mas é para dizer coisas muito sérias sem me engasgar. No jogo de amanhã — a segunda das três finais para salvarmos a época — precisamos de reaprender a alegria. Bola rápida, corpo inteligente, ideia no golo.
Para este segundo ato na magnífica Pedreira de Souto de Moura, o Benfica enfrenta três questões importantes. A primeira está na baliza. Temos de começar a ganhar logo por aí ou arriscamo-nos a que o céu irlandês nos caia na cabeça. Se me é permitida uma modesta, tímida, óbvia, sugestão, ponham Júlio César ou Moreira. Ou um miúdo qualquer dos juniores que agarre as bolas em vez de as meter na própria baliza. Não é por nada, mas não estar Roberto entre os postes já será um bom começo. Até para ele, que não deve arriscar a carreira com mais frangos fatais.
A segunda questão chama-se Pablo César Aimar Giordano. De grandes artistas como o maestro argentino, diz-se que são “insubstituíveis”; costuma ser apenas uma forma de elogio, mas temo que, no caso do Aimar deste Benfica, o termo seja bem mais literal. A verdade é que — por mau planeamento, falha nas contratações e na formação — não há outro número dez para o Benfica e, como se sabe, o astro argentino não pode jogar amanhã. A versão melhor talvez seja aquela que põe Carlos Martins a organizador, mas não deixa de ser uma adaptação. O português furioso é mais ele próprio no vaivém defesa-ataque do miolo do jogo, não concordam? Bem, vamos ver.
No fim de contas, a questão é a de saber se os jogadores ouvem mais Jorge ou Jesus. Depois da vitória da primeira-mão, enquanto Jorge disse que íamos a Braga defender a eliminatória, Jesus disse que íamos à Pedreira fazer golos. Sim? Sim: ao ataque, por favor!
   
(no JN de hoje)

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