quarta-feira, 11 de maio de 2011

Fracasso!

Podemos tentar todos os adjetivos que não há como dar volta à tristeza: fracasso retumbante, desarmante, humilhante, estupidificante. Sim, somos todos culpados. Nós, os adeptos, porque nos calámos enquanto não começaram a cair as derrotas. Porque aceitámos durante demasiado tempo a chantagem do “temos de apoiar a equipa”, como se fosse incompatível apoiar e criticar, como se o amor tivesse de ser acéfalo. É ao contrário, já lá diz o poeta. O amor é mais inteligente que a inteligência! 
Também têm culpa os jogadores, pois, que demasiadas vezes entraram em campo com o rei na barriga. E o treinador, que foi arranjando desculpas e mais desculpas até se tornar o bombo da festa. Mas vamos ser claros: o primeiro culpado é este presidente. 
Depois de termos perdido o Campeonato e a Taça, perdemos vergonhosamente a possibilidade de estar na final da Liga Europa — e o que é que o presidente do Benfica vem dizer, após uns dias de “reflexão”? “Andar em festa distraiu-nos”, “eu próprio também cometi erros”, “na próxima época vou delegar menos”... Terei lido bem? Como é que é possível? Bem sabem que faço tudo para não falar destes futebóis fora do campo, mas desta vez é demais. Depois do brutal fracasso que foi a época benfiquista, o presidente vem pedir “humildade” à equipa, mas para ele próprio não guarda nem um bocadinho. Confessa que o clube viveu numa soltura de festança e conclui, como quem acaba de descobrir a pólvora, que assim não é possível ganhar títulos. Com espantosa magnanimidade, admite que também se enganou aqui e ali, atirando as grandes culpas para os outros. E, por fim, destilando a elegância que se lhe reconhece, avisa que para o ano vai “delegar” menos. É caso para alarme, caros benfiquistas! Precisamos de um sobressalto ético no Glorioso. Ou já nem digo “ético”, um mínimo de sensatez bastava. Se não fizermos barreira, vamos levar mais golos destes.
O futebol não é científico, graças a Deus. Mas ele há coisas que todos veem. Se ficamos sem um Ramires, um Di María ou um David Luiz antes de termos jogadores à altura para esses lugares, o mais certo é não ganharmos nada, claro. Se não temos suplentes que queiramos ver entrar em campo quando é preciso dar um safanão num jogo qualquer, não ganharemos nada de especial, é óbvio. E se, como faz o presidente com estas declarações, juntamos vergonha à vergonha, a vergonha não passa tão cedo, ai não, não.
   
(no JN de hoje)

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