Pois, lá tivemos o prémio de consolação da Taça da Liga. E, mesmo isso, foi conseguido sem brilho nenhum. Devíamos pôr velinhas por aquela chuteira do Paços que, no momento pê do penálti, atirou suave para a defesa do nosso Moreira. Perdoem-me se escrevo em português mais-que-corrente mas ele há coisas que não podem ser ditas em decassílabos: jogámos mal que dói. Estou a falar da Taça da Liga, sim. Sobre a Taça de Portugal, temo que as primeiras palavras que me ocorrem não sejam sequer próprias de um jornal familiar como o JN. Em síntese: *#&”!!!%(.
O jogo com o F.C. Porto foi um descalabro daqueles gregos. Uma intempérie na alma, um remoinho de lágrimas. Não, não exagero — quem é benfiquista sabe o que é que nos custou aquilo. E o pior é que estava à vista de todos. Ai, reticências, reticências... Já lá diz o provérbio latino: errar é humano, insistir no erro é burrice, burrada, burrismo. Aparentemente, não aprendemos nada com o susto de Eindhoven. Entrar a defender um resultado é começar logo de pé atrás, é dar o jogo ao adversário logo de entrada. Deixar Aimar no banco, caro mister, é a pior mensagem que se pode dar — à equipa e ao adversário. Mas não vamos bater mais no ceguinho. Agora temos mas é de nos levantar e olhar em frente.
Óscar Cardozo é a imagem do que tem de mudar neste Benfica. Quando o paraguaio era uma carta fora do baralho, um gigante tímido que imaginávamos a citar Fellini sem querer, dizendo que estava tudo bem, apenas sentia “um pouco de melancolia” — nessa altura gostávamos dele e ele marcava golos. De repente, como que acordando dessa saudade paraguaia, Tacuara estoirava para a baliza e a bola alegrava-se nas redes. Agora não. Agora o homem mudou da melancolia para a birra, a timidez cresceu em arrogância, e assim, claro, os ataques emperram, os passes falham, os chutos vão para a bancada. Cardozo e toda a equipa têm de regressar a si mesmos: humildade e grandes sonhos. Pensar na vitória e jogar para ganhar com chuteiras felizes.
Luisão pôs a ideia em boas palavras: “Ganhar no Benfica é diferente de ganhar em qualquer outro clube.” É este o espírito, senhores! Contra o Braga, temos de arquitetar uma glória sem espinhas, que não há mais espaço para abébias e desculpas de mau pagador. Não: a única maneira de virarmos estes desaires tão *#&”!!!%( é pormos o futebol-espetáculo no cimo da Europa e irmos lá a Dublin receber o caneco.
(no JN de hoje)