quarta-feira, 28 de maio de 2014

Primeiras leituras

É uma boa notícia o aparecimento do Observador. O nome, aliás, engana e ainda bem. Este novo jornal não se limita a "observar". Tem um ponto de vista claro — de direita — e não tem medo de dizer ao que vem. Bem pensado para a net, com uma ótima newsletter (escutando o mundo e outras vozes sem abdicar do seu ângulo próprio), com um desenho simples, sem demasiado ruído, e sabendo fazer perguntas importantes e difíceis. (Ainda não tropecei em nenhuma reportagem brilhante e a escolha das "primeiras páginas" tem sido, parece-me, algo desfocada, mas o jornal está a começar, é natural que falte afinar alguma coisa.)
O jornalismo de agora tem de afirmar uma diferença, uma outra visão do mundo. Não pode ser o mero repositório do que temos a todo tempo, em tempo real, na www.
De maneira que a minha pergunta é: quando é que começamos um jornal assim, do lado esquerdo dos dias? Podia chamar-se, por exemplo, Cantor. Porque um jornal não é só sobre o que se passou ontem, não é só para marcar a agenda de hoje, é também, sim, para cantar os amanhãs.

3 comentários:

  1. não é necessário. já existe o Público e o DN.

    jac

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  2. Não concordo. O Público é um jornal preso na armadilha do politicamente correto. E o DN, tristemente, já nem sei o que é...

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  3. Aí terá alguma razão. Aliás, só mencionei o DN pela militante ética socrática (José Socrates).
    e o Público, concordo plenamente consigo, é essa redoma do politicamente correcto - que atinge o seu cume na editoria de cultura. O problema é que reconheço essa ditadura do politicamente correcto como filha dilecta da esquerda - os 'liberals' americanos. Toda a agenda politicamente correcta é uma agenda de esquerda, na deturpação da realidade, na incoerência, na irracionalidade que dimana da pretensão de controlar o real pela linguagem. Diria, um território, hoje o mais mediaticamente volumoso, do 'caminho' da radical autonomia do sujeito (ainda assim acho preferível a palavra sujeito à de indivíduo), diante da Natureza.

    A armadilha fica para mim, como conservadoré-me difícil largar o Público, pelo hábito e pelo habitar, por ser, desde finais da adolescência, a 'minha' casa, par contre, como conservador é-me impossível não me distanciar culturalmente e da visão do mundo proposta pelo Público.

    E, evidentemente, a imprensa portuguesa não me deixa alternativa. Só n'A Bola, oficiosamente gloriosa.

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