sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Prémio DST hoje, às 17h, na Feira do Livro de Braga

Depois de Nova Iorque, Newark, Boston, Dartmouth, Fall River, Amherst, Orlando, Miami e Nova Orleães — Braga. Faz muito sentido. Bem, faz algum sentido. Um sentido do tipo, digamos, "António Variações meets the Mardi Gras Indians".
(Há jet-lag de Lisboa para o Minho?)
Espero é que o Américo Abril também vá à cerimónia de entrega do Prémio DST a O verdadeiro ator. Para me ajudar nas formalidades e assim. Para descomplicar um bocado a coisa. E, se alguns de vocês pudessem passar por lá com uma gargalhada ou duas, agradecíamos muitíssimo.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Jornal Local: casca de banana

Num dia de azul e coisas nítidas um homem de chapéu desce a Calçada do Combro com uma casca de banana na mão. Não se parece com nada.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

True turnê

Amherst foi bué da awesome, Orlando foi mesmo great, e Miami também didn't go nada mal. 
Daqui a pouco, em Nova Orleães, vai ser jazz.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Newtonville, Boston

Que bom saber que ainda há livrarias assim, onde as pessoas gostam mesmo de livros e sabem mesmo de livros. Livrarias pequenas com muita coisa boa, onde todos os funcionários são livreiros e não vendedores. Por exemplo: alguém pergunta a um dos mais novos sobre um livro recente de um autor norte-americano. E o livreiro responde que a ideia do livro é muito boa, mas que faltam personagens para levar a ideia a cabo. 
A leitura do The True Actor correu bem, também.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Américo na América!

O verdadeiro ator agora é também The true actor.
Américo Abril, o protagonista deste romance, saltou para o outro lado do mundo.



Jeff Parker editou, Jaime Braz e Dean Thomas Ellis traduziram. Uma edição Dzanc Books.

sábado, 9 de novembro de 2013

(Em português, é outra coisa, não?)

EUROPA, BREVE INTRODUÇÃO

Era uma vez, há milhões de anos, pessoas que iam ao cinema. Viam um comboio e gritavam, porque acreditavam que o comboio ia sair do ecrã e matá-las. Viam homens e mulheres e gritavam, porque acreditavam que eram fantasmas e não homens e mulheres. Viam um grande plano de um rosto sem expressão e depois um grande plano de um pedaço de pão e gritavam, porque acreditavam que o ator tinha fome.
Nos melhores locais da cidade, em cima de grandes rochas loucas, havia umas salas de cinema feitas assim só de colunas e sol; umas máquinas superdelicadas que projetavam palavras de fogo contra os céus antigos, os céus azuis-opacos que existiam antes de 0000, o ano em que o homem de Nazaré foi crucificado pelos nazis. Nesse tempo, as pessoas iam ao cinema como nós hoje vamos para a terra quando morremos. Só que faziam isso quotidianamente. Bem, sim. Eram assim as coisas. A vida. Viam um touro — lá em cima, no ecrã, o grande animal misterioso — e gritavam, porque acreditavam que era um deus. Tinham toda a razão.
Claro que era tudo a preto e branco. Isto foi durante a fase de Cinema Natural do mundo. O touro era branco na noite, branco incandescente, como um copo de leite visto pelos olhos de Hitchcock. É o mito, e, sabem o slogan não?, o mito é a verdade vinte e quatro vezes por segundo. E um belo dia, era domingo, o touro viu uma rapariga bonita na plateia. Ah caramba, que cara mais atenta a dela. Ah que espanto, o modo como ela mascava a pastilha.
Na realidade cinemascope do mundo, o touro raptou, violou ou amou a rapariga. Aqui há diferentes versões. Três, pelo menos. Todos sabemos o nome da rapariga, claro, porque na verdade é o nosso nome. Apesar de termos tendência para o esquecer. Apesar de não o usarmos a maior parte das vezes, por causa da culpa ou lá o que é. Mas, sabem, um nome é um nome. O que Pessoa disse sobre o mito, é isso um nome: o nada que é tudo. Europa, Europe, Europe.
O pai da rapariga era um homem poderoso, um milionário da lista da Forbes, mas não havia nada que ele pudesse fazer para trazer a filha de volta. Para o bem e para o mal, ela agora estava no futuro. A cavalgar deus sobre as ondas, sob a lua cheia, uma surfista nua, de cara aberta aberta. Quando chegou a Creta tornou-se rainha e deu à luz três filhos: o Parlamento Europeu, a Comissão Europeia e o Conselho Europeu. Receio que isto seja apenas uma breve introdução à coisa propriamente dita. A História sairá na próxima segunda-feira. Não percam. Vocês têm uma palavra a dizer sobre a forma como isto se desenrolará. Conseguirão os três europeus salvar a mãe, o amor de deus — o nosso nome — da austeridade, da desigualdade, da tecnocracia?




(excerto do texto "História dos Pormenores" que escrevi para o espetáculo "Bull's Eye" de Philippe Vincent — a ante-estreia é hoje em Montemor-o-Novo, a estreia será uns dias depois em Marselha)

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Hoje, às 21.30h, subir ao Taborda!

O meu jantar com o André, de Wallace Shawn e André Gregory, com encenação de Manuel Wiborg, estreia hoje no Taborda. Os atores são o António Filipe e o próprio Manuel Wiborg. 
E a culpa da tradução é minha:

"(...)
ANDRÉ Wally!
WALLY Olá, André.

ANDRÉ e WALLY encontram-se e abraçam-se.

(voz off) Lembro-me, da primeira vez, quando comecei a trabalhar com a companhia do André, não conseguia deixar de estranhar os atores terem de abraçar as pessoas quando as cumprimentavam. 'Agora estou mesmo no teatro', pensei."


segunda-feira, 4 de novembro de 2013

(Noutra língua pensamos diferente, de novo?)

EUROPE, A BRIEF INTRODUCTION


Once upon a time, some million years ago, people went to the movies. They saw a train and cried, for they believed it would come out of the screen and kill them. They saw men and women and cried, for they believed they were not men and women but ghosts. They saw this close-up of a blank face and then a close-up of a piece of bread and cried, for they believed the actor was hungry. 
In the best city spots, on big crazy rocks, there were these cinema houses made only of columns and sun; these super-delicate machines that projected words of fire against the ancient skies, the opaque-blue skies that existed before 0000, the year the man from Nazareth was crucified by the nazis. Back then, people went to the movies like today we go to the earth when we die. Only they did it on a daily basis. So, well. That's how it was. Life. They saw a bull — up there, on the screen, this great mystery of an animal — and they cried, for they believed it was a god. They were absolutely right.
Everything was in black-and-white, of course. This was during the Natural Cinema phase of the world. The bull was white in the night, shining white, like a glass of milk seen through Hitchcock's eyes. It's the myth, and, you know the slogan right?, the myth is the truth twenty-four times per second. And one fine day, Sunday it was, this bull saw a beautiful girl in the audience. Oh boy she had such an attentive face. Oh my, the way she chewed her chewing gum.
In the cinemascope-reality of the world, the bull kidnapped, raped or made love to the girl. There are different versions here. Three, at least. The girl's name we all know, of course, because it's our name, really. Even if we tend to forget it. Even if sometimes, out of guilt or whatever it is, we don't use it. But, you know, a name is a name. What Pessoa said about the myth, that's a name: the nothing that is everything. Europa, Europe, Europe.
The girl's father was a powerful man, a Forbes billionaire, but there was nothing he could do to bring back his daughter. For better or for worse, she was in the future now. Riding god over the waves, under the fool moon, a naked woman surfer, her face open open. When she arrived in Crete she became a queen and gave birth to three sons: the European Parliament, the European Commission and the European Council. This is just a brief introduction to the real thing, I'm afraid. History will be out next Monday. Do not miss it. You have a say in how all this plays out. Will the three Europeans save their mother, god's love — our name — from austerity, inequality, technocracy?



(texto que escrevi para o espetáculo "Bull's Eye" de Philippe Vincent)