A troika é um erro crasso. E é o maior trunfo dado pela União Europeia aos eurocéticos. Mais: a troika é antieuropeísta. Infelizmente não estou a brincar. A ideia de um grupo de emissários técnicos que, enquanto representantes da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional, vêm a um país da União “indicar soluções”, “sugerir opções”, “dar orientações”, “afinar metas” (escolha-se o eufemismo que se quiser) ao governo desse país é uma ideia capaz de destruir o sonho europeu em três tempos. Não, infelizmente não estou a exagerar.
Claro que o problema vem de trás, e é mais profundo. Mesmo em relação à chamada crise da dívida ou crise do euro. Porque o problema de fundo não é financeiro nem económico. É político. Não podemos ter medo da palavra. Aliás, tenho a certeza de que a crise será ultrapassada no momento em que salvarmos essa distinta, clara, simples, antiga palavra — “política” — da lama por onde a arrastam tantas vezes, do vácuo onde a querem guardar tantas outras.
A questão é política, sim. Não é possível haver uma união económica e monetária sem uma verdadeira união política. Isto é, uma democracia europeia em que os cidadãos se sintam representados; uma democracia europeia onde os representantes do povo falem em nome do todo e não pelos interesses desta ou daquela parte; uma democracia europeia que seja verdadeiramente — “diretamente” — europeia e não apenas o menor denominador comum saído das reuniões de um grupo de estados. Haverá diferentes formas de se caminhar para aí, sabendo, no entanto, que agora o tempo urge e temos, perdoem-me a expressão demasiado literal, de correr contra o prejuízo. (...)
Claro que o problema vem de trás, e é mais profundo. Mesmo em relação à chamada crise da dívida ou crise do euro. Porque o problema de fundo não é financeiro nem económico. É político. Não podemos ter medo da palavra. Aliás, tenho a certeza de que a crise será ultrapassada no momento em que salvarmos essa distinta, clara, simples, antiga palavra — “política” — da lama por onde a arrastam tantas vezes, do vácuo onde a querem guardar tantas outras.
A questão é política, sim. Não é possível haver uma união económica e monetária sem uma verdadeira união política. Isto é, uma democracia europeia em que os cidadãos se sintam representados; uma democracia europeia onde os representantes do povo falem em nome do todo e não pelos interesses desta ou daquela parte; uma democracia europeia que seja verdadeiramente — “diretamente” — europeia e não apenas o menor denominador comum saído das reuniões de um grupo de estados. Haverá diferentes formas de se caminhar para aí, sabendo, no entanto, que agora o tempo urge e temos, perdoem-me a expressão demasiado literal, de correr contra o prejuízo. (...)
(excerto do texto que escrevi para o livro “Troika Ano II – uma avaliação de 66 cidadãos” com coordenação de Eduardo Paz Ferreira)
Inteiramente de acordo Jacinto.
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