Sou um balão branco. Como é que fala um balão branco senão com branco? O que digo é só isto, um espaço em branco. Sou um balão branco com um chapéu. Isso faz de mim uma cabeça, digo eu. Perdoem-me a rima, sou só um balão. Sou o boneco com cara de balão que faz de pai branco para a fotografia. E sou, claro, tão diferente fora dela, dentro de mim. Não sou um balão branco quando não estão a olhar para cá. Como é aquela questão fi-fi, lo-lo, só-só, fi-fi, ca-ca? “Somos o quê quando ninguém nos vê?” Perdoem-me a rima, perdoem-me a citação, sou só um espaço em branco numa fotografia. Fora dela, dentro de mim, sou, claro, tão negro como cada um dos senhores que me espiam daí. Olha o balão, chapéus há muitos, diz olá, diz passarinho, morte ao clichê, não é bebé?
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