quarta-feira, 16 de março de 2011

Matematicamente Europa

Até acho que Jesus fez bem em lançar a segunda equipa no jogo com o Portimonense. Estes jogos contra o “matematicamente possível” têm tudo para ser uma bela chatice - assim, ao menos, adianta-se algum trabalho para a frente. Mas parece-me que o resultado da experiência diz muito do que faltou ao Glorioso deste ano no campeonato. Mesmo dando de barato que os suplentes são para entrar um, dois, três de cada vez (e não aos molhos de dez ou onze), um Benfica B tem a obrigação de dominar os clubes do fim da tabela. Pois é, um dos grandes equívocos deste Benfica está sentado no banco. Não, não estou a falar de Luís Filipe. Digo “em geral”. Se virmos bem, temos grandes craques titulares, Aimar, Saviola, Luisão, Coentrão, Gaitán, e depois o quê? Um banco com “muito futuro”... Para uma equipa que luta em diferentes batalhas e sempre para a vitória, isto não basta. Não, é essencial ter um pouco mais de “presente”. Chuteiras que não duvidem na hora agá. 
E a hora é esta, já amanhã - a nossa hora europeia. Na primeira mão, na Catedral, os nossos amigos franceses entraram a marcar. Um golo aos cinco minutos, quando mentalmente ainda estávamos no balneário a decidir se usávamos as caneleiras de cerimónia ou as de todos os dias. Uma água fria daquelas de pôr chuva nos corações mais sensíveis. Mas bem lhes mostrámos de que massa é que somos feitos. 
Carlos Martins inventa uma bola vivíssima por cima dos cidadãos de Paris; sem parar, Maxi recebe com o peito e chuta para o golo do recomeço. Já lá diz Carlos Paião, “há zero a zero, há cem a cem”. De repente, era outra vez possível ganhar e vencer. E sim: acabado de entrar em campo, Aimar faz uma finta só com os olhos e toca a redondinha para Jara. O miúdo Franco Daniel puxa a bola para o lado, espera até ao limite e, cercado por três PSG’s, remata. Espantado com o que o seu pé acabou de imaginar, até cai na relva. E é já sentado que assiste ao milagre. Golo, ganhámos, reviravolta de alegria. Que amanhã, em Paris, saibamos ser assim - inteligentes na alma e espertos no corpo.
A minha táctica? Jogar com o futuro mais perto do presente, em pressão alta, cheios dessa confiança que o passado nos passa. Sob os felizes augúrios de tantos campeões eternos - e, para dar sorte, deixem-me dizer onze nomes: Bento, Mozer, Humberto Coelho, Veloso, Pietra, Shéu, Coluna, Chalana, Simões, Mantorras, Eusébio -, vamos golear na Europa.

(no JN de hoje)

2 comentários:

  1. Muita verdade, meu caro Jacinto. Há quem lhe chame "futuro" àquilo que se prevê a muitos que têm o glorioso direito de se sentarem nos bancos fórmula 1 do Estádio da Luz. Mas devemos algo à verdade: há ali gente que tem pouco futuro - na arte da bola, entenda-se; como cauteleiros talvez poderão vir a ser brilhantes. Tenho nomes, sim. Escolho um mas serve bem para alguns outros: um Menezes, que faz parte daquelas razões pelas quais o benfiquista é um ser de boa índole e coração apertado. Temos esperança. Ele entra e achamos que vai ser agora que vai revelar a sua mais que famigerada "boa técnica". Eu próprio, que sou igual aos outros, dou por mim a dizer isto "ele tem boa técnica, ainda vai dar alguma coisa, se se mexer um bocadinho", mas no outro dia, vendo o jogo contra o Portimonense apercebi-me de que nem "boa técnica" o rapaz tem. É lento em demasia para sequer ser técnico; no máximo, tecnocrata, que é coisa que não interessa muito ter a treinar no Seixal além das corridas higiénicas do Domingos Soares Oliveira aos fin-de-semana para manter a forma.

    Menezes, portanto, não tem futuro, terá um presente envenenado e um lugar de destaque no Ferrari junto ao massagista. Se não for pedir muito, quero sentado no mesmo monovolume um Simão pacense para a próxima época.

    Um offtopicozinho: a heresia é grande mas é a que existe: só de há um mês a esta parte descobri que o meu caro escreve sobre o Benfica no JN. Uma falha gravíssima. Desde esse dia, tenho acompanhado religiosamente os seus escritos. Belos. No resto, "Para averiguar do seu grau de pureza" já foi coisa que, mais imberbe, me deu muito momento de prazer.

    Abraço.

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  2. Caro Ricardo, muito obrigado! Muito boa essa imagem do nosso Menezes - pois é, se ele se mexesse mais um bocadinho... Um abraço

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