terça-feira, 5 de maio de 2020
"Língua inexplicavelmente"
Poema em que a língua diga mais;
em que a língua foi adiante da língua;
em que a língua diga ainda que a língua
irá antes da língua e chegará primeiro
a um céu sem nuvem sem anjo sem pássaro
sem signos do zodíaco porque não há estrelas
na abóbada do papel em branco entre dentes
como pedras desenhando um país deserto
em que a língua já não diga a língua
e seja só a perspectiva de outra língua
que a anule numa espécie de fruto sem árvore
ou semente; língua inexplicavelmente
que para facilitar chamemos beijo.
(Eucanaã Ferraz)
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Boa tarde Jacinto.
ResponderExcluirNa pretérita semana enviei-lhe um mail... (para jacintolucaspires@gmail.com)
Poema belo este que publica... não conhecia o poeta.
Luís Filipe Soares
acrvilamendo.blogspot.pt
luisvmendo@sapo.pt