Um dos efeitos menos referidos, e mais perigosos, do governo da coligação Troika/Portas/Passos é do domínio da guerra cultural. Não através de um combate franco, frontal, de grandes ideias, claro. Mas numa versão mais “guerra química”, através da instalação no país de um clima de tem-de-ser, onde a liberdade é uma “irresponsabilidade”, o pensamento é uma coisa de “idealistas” e “radicais” e a arte não pode passar os limites do bibelô.
Se alguém tem dúvidas sobre a crise em que estamos atolados, olhe para os jornais literários da nossa praça.
Sábado, ao vir do concerto d’O Deserto Branco no Sabotage, pensei que devíamos inventar no Cais do Sodré uma cena de ritmo e poesia, de periodicidade eterna. Lou Reed seria o padroeiro. Palavras elétricas.
Está tudo a brincar às referências na sala depressiva do Pós-Modernismo. Vamos rebentar com isto tudo mas é. Inventar um movimento modernista (modernista sim) que misture a ideia do agora com a imagem do para-sempre. Pode-se chamar: Europeísmo.
É na cidade que vamos recomeçar essa bela palavra, política.
A noite e os teatros de Lisboa têm de se juntar das formas mais naturais e simples. Como uma flor se junta ao cosmos ou qualquer coisa assim.
E o cinema tem de voltar.
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