O jogo com o Trabzonspor foi uma chatice de corpo presente, é verdade. Mas o golo de Nolito fica na gaveta dos para-sempres. Aquilo foi uma aula de comédia a sério.
Primeiro: não dizer, aguentar, sangue-frio. Segundo: não dizer, sugerir, enganar. Terceiro: já ninguém está à espera? Agora sim, dizer. Com o máximo de surpresa e o mínimo de esforço.
Primeiro, uma pausa de pensamento irónico, como uma daquelas silenciosas frases de Walser que se recolhem para avançar. Depois, um truque marxista, na variante Groucho: uma simulação de deitar três trabzonsportistas à relva, olaré. E, por fim, um pequenino toque, quase menos que um chuto, um pontapé de criança, cem por centro Charlot.
A bola a rolar devagar para as redes sob uma música de filme mudo, uma cançãozinha a preto e branco. Acho que até os turcos se comoveram, caramba. Palmas, bravo, que bela aula, Nolito.
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