Se eu fosse poeta, ontem tinha escrito um poema chamado "O dia em que cumprimentei Eric Cantona". Uma daquelas personagens estranhas, contraditórias, maiores que a vida, cada vez mais raras.
Talvez fosse boa ideia o Benfica aproveitar as andanças lusas do astro francês e convidá-lo para Bardo do Balneário. Se há alguém capaz de inspirar os artistas do Glorioso, é ele.
Grande cena, uma peça que tenho estado a escrever "em tempo real" para o Teatro Oficina, estreia dia 28 de janeiro no Centro Cultural Vila Flor em Guimarães, com encenação de Marcos Barbosa. Nos ensaios dá para pensar e rir ao mesmo tempo — e quando a coisa estiver sob as luzes tremendas do teatro?
Talvez seja este o lugar certo — aqui onde é possível estar, ao mesmo tempo, nas nuvens e com os pés bem assentes no chão — para dar um viva ao acordo do clima.
(A propósito do "programa de rescisões voluntárias" no jornal Público.) Temos de encontrar rapidamente um modelo que permita fazer jornalismo a sério para o nosso tempo. Não sou nenhum especialista, mas acho que isso passa pelo equilíbrio ótimo entre ideias fortes e rigor à prova de bala, ousadia e seriedade. Um jornal hoje tem de ser, à cabeça, a afirmação clara de um ponto de vista sobre tudo, um modo único de olhar o dia-a-dia do mundo. Não concordam? E por onde é que começamos?
Só percebi a célebre canção do mestre branco que fala da resposta soprada pelo vento quando a ouvi na voz do mestre negro. Só vi Telegraph Avenue em Berkeley quando evoquei as palavras do poeta brasileiro sobre o tempo que por lá passou. Só o céu da minha cidade não tem tradução, não pode ser mudado para nada, não cabe em lado nenhum e muito menos aqui.
O problema é que grande parte da divisão, do ressentimento e da fragilidade que hoje se sente na União tem origem nas vistas-curtas da chanceler e do seu ideólogo-mor. Aqui chegados, a "âncora" alemã é só uma tentativa de negação da "tempestade". Não, a única via é avançar com um novo barco: uma democracia europeia digna desse nome.