O céu desce sobre nós na forma de um pássaro-peixe de lâminas, o céu rasgou-se para sair de si mesmo e revela o trovão que guardou durante tanto desde-sempre, e dentro desse bicho escuro parado no ar como um colibri há homens a olhar para cá, homens-do-céu dentro do colibri-do-céu apontando armas-de-olhos para nós, não temos medo mas temos uma força-frágil que nunca havíamos sentido antes, falamos sempre no plural porque somos um, um com este chão, este céu, este estar-vivo, e a nossa linguagem não é de falar nem de ver mas de escutar e tocar, isso oferecemos, não a roubem, estamos-silêncio, esperamos que o céu recupere bem desta ferida e regresse à sua calma certeza, ao seu velho silêncio, estamos com este momento à escuta, queremos silêncio, regresse o céu aos seus lá-em-cima de desde-sempre e caia o silêncio.
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