A notícia hoje sou eu. Os sonhos que ainda tenho para emoldurar. As memórias que ainda não se materializaram, tanta distância. Eu no meu corpo aqui. Se é verdade aquilo que se diz, que estamos neste mundo só de passagem, então as estações de comboios são os templos mais verdadeiros. Onde não há céus nem infernos, nem tenho de tirar o chapéu. Desde que seja o chapéu certo, claro. Para guardar melhor os pensamentos, que é como chamo a esta mistura de sonho e memória no tempo presente. Guardá-los quentinhos cá dentro. Todo o indizível debaixo de um chapéu branco. Hoje a notícia sou eu, uma primeira página só de silêncios. Este eu-homem magro curvado sobre a própria cabeça. Imagem tão fina, bem aberta nas mãos. E o pensamento nos trilhos desenhando curvas, desmanchando retângulos.
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