Libretto, um espetáculo meu e da Alma Palacios, vai ao Centro Cultural Vila Flor em Guimarães no próximo sábado, dia 16. (Co-produção: Maria Matos Teatro Municipal, Centro Cultural Vila Flor, Ninguém.)
©Bruno Simão
Um excerto do que Matilde Campilho escreveu sobre Libretto:
"(...) A dança como tradução da notícia, a dança como tradução da descrição de todos os lugares. Num momento ou noutro, todos nos tornamos personagens, é isso que nos explicam A. e J. – ele usa a palavra, ela usa o silêncio. Ele vai descobrindo o nome dela, ela vai descobrindo o novo nome dela. Os dois habitam precisamente o mesmo lugar, os dois são unidos pelo eixo cada vez mais visível da cidade. Quanto mais eles se aproximam, mais a cidade se deixa ver. Nos dois vai crescendo a alegria e uma certa preparação para a tragédia: ao mesmo tempo que passeiam pelo espaço real do sol da cidade, eles vão aprendendo como se maneja uma arma. (...)" (A transformação do nome pelo nome, Matilde Campilho)
Um excerto do que Paulo Pires do Vale escreveu sobre Libretto:
"(...) Quando a tragédia deixou de ser parte do culto, um ritual, e se transformou em espetáculo, em obra de arte, quando passou a ser vista e pensada sob o ponto de vista do espetador e não do autor e do ator, perdeu o poder vivificante, passou a ser parte da cultura em vez de parte da vida – foi a crítica de Nietzsche à interpretação da tragédia feita por Aristóteles. Nesta peça, em que o espetador habita o palco e faz parte do ensaio, e em que ensaia também; em que o ator não quer ser um repetidor formal, mas um corpo autêntico; em que o autor se percebe como possuído e aprende a morrer e a nascer – estamos mais próximos desse teatro ritual. Estamos todos em cena. Participamos daquilo que habitualmente não nos é dado a ver. Os bastidores. Os ensaios. O que fica escondido. E percebemos que alguma coisa quer dar-se a ver, irromper, desequilibrar a ordem. Alguma coisa quer cantar, alguma coisa quer dançar – e não é o autor, nem mesmo o ator. Alguma coisa quer nascer. Sem libretto:" (O lugar onde Deus o escritor foi roubado, Paulo Pires do Vale)
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