É o nosso futuro que está em causa — vota Livre

 

A história do homem do saco

No jardim, atacado pelo frio da manhã, o homem põe-se dentro de um saco. À tarde, cansado como tudo, pega no saco e leva-se dali para fora. O caminho é longo e a carga é pesada. Quando chegar ao seu destino e se vir a espreitar do saco, o homem há de se surpreender e há de se lembrar, tudo ao mesmo tempo. O quê, tornei-me uma história?

Como os chineses

"Aos dezasseis anos comportamo-nos inconscientemente como os chineses. Devorados pelo pudor da inocência, tecemos a nossa eternidade numa chuva, num cair de diospiros de ouro."

(Cristina Campo, Os Imperdoáveis)

O Jacinto Manupela pede-me para informar que há uma nova canção no mundo

 Chama-se Beyoncé e está aqui, por exemplo.

Cinema-fantasma

Uma camisa branca a deslizar na corda da roupa — fantasma? cinema? poema?

O Sam Lipsyte sacou um romance rock'n'roll

 

Um frio insuportável na Rússia

Mas as pessoas vão deixar flores para homenagear Navalny. Dizem para câmara, "Não tenho medo". Ainda há gestos maiores do que a vida.

Cabeça de cinema

Devíamos fazer um filme a partir de C de C, de Cristina Fernandes. Podia passar-se no metro, talvez. A protagonista lê um livro preto, as pessoas entram e saem. Algumas estações vão dar ao cinema. E o metro dirige-se para uma cabeça deitada, em grande plano, imensa. 

Partidas e chegadas

Só vi o pardal quando ele pousou na árvore. Só vi a árvore quando o pardal voou.

Leitura para o período eleitoral

 Os Últimos Dias da Humanidade, de Karl Kraus (trad. António Sousa Ribeiro)

O formato dos debates televisivos é todo um programa

Não estamos longe do ponto em que duas máquinas de calcular, moderadas por um cronómetro, esgrimirão números.

O símbolo do símbolo

 No céu sobre os telhados, a grande cruz é afinal uma antena.

Um dia que é uma metáfora

Hoje é o dia da marmota. O dia dentro do qual podemos ficar presos. O dia que nos lembra que o amanhã não está garantido. 

Meia volta, o Meio Disco volta

 

Dá para ouvir aqui.